segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O Festival de Besteiras – o retorno





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Sérgio Porto, notável escritor e humorista, também conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, morreu em 1968. Estivesse vivo, teria um material inesgotável com o qual ampliar o seu levantamento a respeito do Brasil sob a ditadura Militar, o chamado O Festival de besteiras que assola o país, o trágico e hilário FeBeAPá.
Ocorre que o desgoverno Bolsonaro, sob os olhares atônitos da nação, segue no seu afã de fazer com que o Brasil retorne ao século XVI.
Não exagero.
Estava eu aqui me preparando para escrever algumas mal traçadas sobre as mais recentes asneiras produzidas por auxiliares de Bolsonaro, quando sou surpreendido pela nomeação para a presidência da Funarte do... quem mesmo?
Vejamos. No site de Dante Mantovani, agora presidente da Funarte, tudo está organizado para provocar suspiros de admiração pela trajetória do retratado.
Mas algo não funciona.
Diz o retratado pertencer à “comunidade paraguaçuense” tendo dado cursos sobre “vários instrumentos”. Não é muito,
Somos informados que, além de maestro, é coautor (embora não diga qual o nome do parceiro com o qual escreveu a obra) de dois livros que seriam best-sellers no site da Amazon.com, maior site de vendas do mundo, acrescenta.
Ocorre que na Amazon.com não há registro de uma das obras mencionadas, enquanto a autoria da outra é atribuída a Francisco Navarro Lara, que por sua vez não cita qualquer coautor. Francisco seria o autor, simplesmente, como consta da capa do livro.
Os livros seriam “Los Dez Mandamientos Del Director de Orchesta Del siglo XXI”, “El milagro de dirigir la Orchesta sin usar las manos” e “Vade Mecum de La Dirección Orchestal” , lançados, com presença dos coautores, em Huelva, Espanha, em 2015. Estes seriam os best-sellers vendidos pela Amazon.com.
No entanto, ao pesquisarmos a obra Vade Mecum de La Dirección Orchestal no site da Amazon recebemos uma resposta formal: “Nenhum resultado para Vade Mecum de La Dirección Orchestal”.
Não bastasse, o maestro alega que publicou dezenas de artigos nos seguintes veículos: “Jornal Folha da Estância (SP), Jornal O contemporâneo (SP), Jornal A Voz (SP), Revista Philologus (RJ), Revista Entretextos (PR), Revista Diálogos Musicais (Acre), Revista Coments (SP), Portal Si Vis Pacem, Site Mídia Sem Máscara”. Sem comentários.
A tudo isso se junta uma informação curiosa: o maestro, que se diz também filósofo, alega ter participado de um conclave para a Democracia, em Washington D.C., realizado pelo “prestigioso” National Press Club, onde esteve a convite do “filósofo” Olavo de Carvalho, de quem se confessa aluno desde 2012.
Sabemos que o National Press Club não é um local de grandes debates, mas sim um clube que dispõe de instalações e contatos que facilitam a atividade profissional de jornalistas. Segundo as palavras do próprio site do clube, trata-se de um local próprio para “o relax, a apreciação de um drink ou jogar cartas”. Ao que tudo indica, aluga suas dependências para eventos jornalísticos.
No mais o autointitulado maestro e filósofo tem programa na Rádio Mãe de Deus e faz comentários de cultura na TV Paraguaçú.
Vale assinalar que nunca exerceu cargos administrativos na área da cultura e não se destacou além dos limites interioranos por onde circula.
Enfim, Mantovani é mais um estrupício inventado com o evidente objetivo de desprestigiar áreas da cultura que Jair e seus filhos, por não terem a menor condição de entendê-las, odeiam. Esse ódio, como explicaria qualquer psiquiatra, tem origem em puro ressentimento. Um caso clínico, é verdade, mas trata-se de uma estratégia muito bem planejada que vem se repetindo em diversos órgãos governamentais, do Ministério da Educação à Funarte.
O alvo é óbvio: deseducar. A tática é semear a confusão levantando falsas polêmicas.