sexta-feira, 26 de agosto de 2011

‘cabou a faxina. Tá limpo?



O governo brasileiro continua a oferecer tristes espetáculos a quem ainda tem paciência para ficar de olho no poder.
Agora, a tal faxina. Postei aqui no blog, no dia 9 de agosto, um comentário sobre a farsa. Como já conheço a turma, coloquei em dúvida o ímpeto faxineiro que tomou conta da presidente. Agora, apenas duas semanas e pouco depois, já sabemos que a dona Dilma recolheu seu avental, seu vassourão, o balde com água e detergente, e anunciou ao país que tem mais o que fazer do que cuidar de corrupção. Retesou o dedo autoritário e disse que seu compromisso é com a “faxina da miséria”.
Menos mal. As cobranças de faxinas anunciadas de corrupção podem ser questionadas  a qualquer momento, enquanto que o anúncio de uma faxina da pobreza ou da miséria, é coisa que paira no ar, rarefeita como nuvem.
Mas há razões mais sólidas para que dona Dilma tenha recolhido seu escovão. Como se sabe, uma bandalheira descoberta esclarece outra, um ladrãozinho pego aqui denuncia outro mais adiante, o fato é que, de corrupto em corrupto, a gente vai deslizando dos associados ao PR para aqueles do PMDB e – benzódeus! – do PT.
Aí não pode.
Dona Dilma precisou recolher a escova e o sabão. Como iria escovar o lombo de indicados e partidários de Michel Temer? Como iria remexer com antigos mensaleiros e aloprados? Melhor desistir fazendo uma pose: tem coisa mais nobre pra fazer, vai combater a miséria etc. e tal.
Ora, a grande “herança maldita” de Dilma, que foi herdade de Lula – que por sua vez herdou (também isso) de Fernando Henrique – é a promiscuidade entre bandidos de vários calibres exigida para a montagem da chamada “base de apoio” do governo. Trata-se de uma trupe festiva da qual participam ferozes gatunos e oportunistas sem os quais o governo “apoiado” não consegue dar um só passo sem tropeçar numa propina, numa verba, num percentual, num favor, numa nomeação, numa comissão.
Como nem Lula nem Dilma – e nem FHC – tiveram pulso político para atacar esse mal, sofreremos ainda por muito tempo as consequências dessa herança. E é por isso que a dona Dilma precisou, como se diz no futebol de várzea, “arrecuar os arfe”.
Logo ela, tão valentona e decidida. Quem diria!

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