Nelson Rodrigues em ação. |
Para sacudir a
poeira desses tempos bicudos, lá vão algumas frases do Nelson Rodrigues que
ajudam a demolir a bobagem que é o politicamente correto e essas militâncias via
Internet em que o xingamento grosseiro virou argumento político sofisticado e
libertário. Infelizmente, não é apenas a seleção brasileira de futebol que
despencou nos últimos anos para o pré-sal da mediocridade. Precisamos recuperar
a ironia e o paradoxo.
Sobre
a leitura:
“Deve-se ler pouco e reler muito.
Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem.
É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia”.
Sobre a imprensa:
“Nós, da imprensa, somos uns
criminosos do adjetivo. Com a mais eufórica das irresponsabilidades, chamamos
de ‘ilustre’, de ‘insigne’, de ‘formidável’, qualquer borra-botas”.
Sobre defeitos humanos:
“O ser humano é cego para os
próprios defeitos. Nem o idiota se diz idiota. Nunca vi um sujeito vir à boca
de cena e anunciar, de testa erguida: ‘Senhoras e senhores, eu sou um
canalha’”.
Sobre amor e dinheiro
“Dinheiro compra tudo, até amor
verdadeiro”. “Há homens que, por dinheiro, são capazes até de uma boa ação”
Sobre o amor possível
“Ou a mulher é fria ou morde. Sem
dentada não há amor possível”.
Sobre o beijo na boca:
“O verdadeiro defloramento é o
primeiro beijo na boca. A verdadeira posse é o beijo, e repito: — é o beijo na
boca que faz do casal o ser único, definitivo.”
Sobre o povo brasileiro
“Cada brasileiro, vivo ou morto já foi
Flamengo por um instante.” “Se Euclides da Cunha fosse vivo teria preferido o
Flamengo a Canudos para contar a história do povo brasileiro”.
Sobre políticos:
“Eu me nego a acreditar que um
político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”.
Sobre santos e pulhas:
“Façam a seguinte experiência: —
ponham um santo na primeira esquina. Trepado num caixote, ele fala ao povo. Não
convencerá ninguém. Invertam a experiência e coloquem na mesma esquina, e em
cima do mesmo caixote, um pulha indubitável. Instantaneamente outros pulhas,
legiões de pulhas, sairão atrás do chefe abjeto”.
Sobre qual seu conselho aos jovens:
“Envelheçam!”.
Sobre o triunfo do idiota:
“O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa
e fulminante do idiota”. “Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os
idiotas pensam pelos melhores”.
Sobre maturidade:
“O adulto não existe. O homem é um
menino perene.”
Sobre seu epitáfio:
“Aqui jaz Nelson Rodrigues, assassinado
pelos imbecis de ambos os sexos”’.
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