sexta-feira, 22 de outubro de 2010

As certezas que só a burrice proporciona


Já falei aqui a respeito do livro Não contem com o fim do livro, com diálogos entre Umberto Eco e Jean-Claude Carrière. Pois destaco hoje um dos inúmeros temas que eles abordam com inteligência e descontração, como é possível nos melhores papos entre amigos. Inteligentes, é claro.
Dizem eles – no hilariante capítulo “Elogio da burrice” – que é preciso classificar, antes de mais nada, o imbecil: “É aquele que vai dizer o que não deveria dizer num dado momento. É autor de gafes involutárias.” Já o estúpido sofre de outro mal. Seu defeito é lógico, tirando conclusões estapafúrdias de premissas equivocadas. Ele, no entanto, não se contenta em enganar. “Ele afirma alto e bom som o que julga verdade. A estupidez é tonitruante.”
E a burrice? Alma gêmea das duas anteriores, a burrice, como dizia Flaubert, tem sede em concluir. Quer fechar a questão. Tem um furor maníaco pela certeza.
Além das gafes, das conclusões sem lógica, encontramos desta forma os tipos que são tomados pela fúria sagrada em concluir e nos impor suas verdades. É aí que mora o perigo. Ou, como diz Jean-Claude Carrière: são “verdades que nos dão calafrio na espinha”.
Proponho então que se faça uma espécie de jogo dos sete erros. Peguem o retratinho de figuras nacionais e internacionais e descubram onde elas se encaixam. Garanto que é divertidíssimo.

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