sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O voto não é obrigação, é direito

O Brasil é um país de ponta-cabeça, dizia o sábio Tom Jobim.
A razão dessa anomalia é que se trata de um país incapaz de reflexão e, portanto, de princípios. Por exemplo: só no Brasil um presidente poderia se comportar como cabo eleitoral alegando que faz isso “fora do expediente”. É um caso único: um presidente que cumpre “expediente”. Lula continua pensando como um torneiro mecânico. Não entendeu até hoje o que significa ser presidente. Aliás, não é o único.
Vejam o caso do voto obrigatório, que mostra que o Brasil ainda não chegou à Revolução Francesa. Trata-se de um absurdo, já que o voto é um direito e ninguém pode ser obrigado a realizar um direito – isso faria dele um dever. Por exemplo: temos direito a ir e vir, à felicidade, à propriedade, mas ninguém pode ser obrigado a ir e vir, a ser feliz ou a ter propriedades.
Como o país não pensa, nesse domingo todos irão depositar compulsoriamente um voto na urna. Muitos sem saber o que estarão fazendo. Outros venderão o voto em troca de dentaduras, dinheiro, favores, ou como parte de um curral eleitoral qualquer. Ou votarão levando em conta dois ou três pequenos preconceitos que conseguiram produzir ao longo da vida. O que ocorre em todas as classes sociais, diga-se.
Houvesse reflexão e o voto fosse visto como um direito, a noção de cidadania poderia se tornar um valor social. É isso que significa ser cidadão, sentir-se sujeito de direitos. Saber-se livre de coações. Os que fossem votar saberiam o que estariam fazendo. E quem não quisesse votar faria melhor ficando em casa ou indo pescar. Com todo o direito.

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