segunda-feira, 18 de abril de 2011

Picasso, Drummond e a menina Maria Julieta.

Em dezembro passado, dia 12, publiquei aqui no blog um desenho feito pela filha de Carlos Drummond de Andrade, Maria Julieta, no qual a menina retratou o pai como de certo ele lhe parecia. Um ser alvoroçado, de pernas para o ar e cabeça avoada.
Esse era o desenho:


Carlos Drummond de Andrade visto pela filha Maria Julieta.


Além da maravilha do traço infantil, com soluções inusitadas e muita graça, o desenho me colocou na cabeça a impressão de que me lembrava alguma coisa. Pois dia desses, folheando um livro a respeito de Pablo Picasso, lá estava o famoso e genial O acrobata, de 1930.
A mesma agilidade, o mesmo gestual, a mesma vivacidade. Como se sabe, Pablo Picasso era um exímio desenhista já aos 11/12 anos. "Eu desenhava como Rafael", dizia ele, que não via limites para seu ego. O mais interessante é que ele também disse, muito tempo depois: "levei anos para voltar a desenhar como criança". O resultado é esse que está abaixo. As aproximações com o desenho de Maria Julieta são muitas e deliciosas:
Embora um retrate o ar destrambelhado de um poeta e o outro o contorcionismo tenso de um acrobata, nos dois há a mesma transfiguração do que se chama de realidade. A mesma liberdade expressiva.


O Acrobata, quadro de Pablo Picasso, 1930.

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