Divido com muita gente o fato de
ser um apaixonado por livros. Por isso passei a vida às voltas com livros e,
além de escrever alguns, editei uma boa grande quantidade deles.
O livro – essa coisa física - me
parece uma das realizações mais geniais do ser humano. Pode ser ele mesmo uma
obra de arte primorosa e, ao mesmo tempo, ser portador de uma obra de arte. É
prático, é simples, é companheiro, viaja conosco, dorme ao nosso lado, está disponível
para ser consultado em qualquer ordem ou lugar – e sem precisar de bateria ou
de tomada elétrica por perto.
Costumo dizer que se na prometida
vida após a morte não existir uma boa biblioteca, tô fora.
Apesar desse apego ao livro
físico em papel, acho ótimo o aparecimento do e-book. Já escrevi nesse blog que
o e-book não substituirá o livro em papel. É outra forma de apresentar textos e
imagens. Em algumas coisas supera o livro em papel: podemos armazenar um número
enorme de livros num leitor e carregar conosco uma biblioteca; a consulta por
palavras é mais rápida, mais simples e mais segura. Mas tem suas desvantagens:
o leitor no qual ele é lido jamais poderá ser chamado de obra-prima e em sua
tela não poderemos apreciar obras de arte em termos de tipografia e de reprodução
de imagens com a qualidade que se alcança em papel. Etc.
No entanto, o e-book veio para
ficar e a meu ver é bem vindo.
Mas está havendo certa
bandalheira na venda de livros eletrônicos. A bandalheira à qual me refiro não
se deve ao e-book como tal, mas à atração que o ser humano tem pela ladroagem.
Vejam bem. Tomo como exemplo a Autobiography, de Mark Twain, livro que espero
ler em breve. No site Amazon, a edição em papel – que o site diz custar oficialmente
34,95 dólares – está sendo oferecida por 21,29 dólares. Em reais (tomo por base
o dia 14/09/2011) R$ 59,85 e R$ 36,46, respectivamente. Sendo em formato para
e-book, custa $ 11,79, ou seja, R$ 20,04.
Como se vê, o livro eletrônico custa
mais da metade do livro em papel. Me parece um absurdo. Afinal, no livro
digital só sobra do livro em papel – ainda que seja o principal - o texto. Sem
papel, sem impressão, sem acabamento, sem capa, sem distribuição, estocagem, transporte,
correio ou embalagem. É caro. Caríssimo.
A coisa fica ainda mais absurda
se compararmos com o preço cobrado num site brasileiro, onde o mesmo livro de
Mark Twain, em formato digital, custa R$ 42,09 reais. Ou seja, mais do que o
preço cobrado no site Amazon pelo livro em papel.
Encontrei vários outros exemplos,
todos confirmando o preço extorsivo. Não vou cansar os leitores com um bando de
números. Apenas noto que, salvo engano meu, na maioria dos casos o preço do
digital supera os 50% do livro em papel. Achei apenas um exemplo contrário
digno de nota: a edição italiana da Divina
Comédia, de Dante, que em papel pode ser adquirida por 24,50 euros e, em
forma digital, por algo entre 0,99 euros e 5,25 euros.
Isso me lembra o preço cobrado pelos
softwares - da Microsoft e de outras empresas. Sempre me pareceram extorsivos,
em muitos casos justificando a pirataria. Como é que se pode cobrar, por
exemplo, $149,99 por uma cópia do Office
Home and Student 2010? São 256,89 reais! E se você quiser o Office Professional 2010 terá que
desembolsar $499,99, ou seja 857,33 reais! Por uma coisa que é vendida aqui no
Brasil e nos confins da China, em Paris tanto quanto em Angola! Além do fato de
todo preço acompanhado de vírgula 99
me parecer uma afronta à inteligência do comprador.
É demasiado por algo que se vende
– via download - mundo afora após um clique de um mouse! Mesmo considerada a criação
do programa e a estrutura de atendimento, o preço é exagerado.
O preço dos e-books, portanto,
está seguindo a lógica dos softwares: são cobrados preços arbitrários e
absurdos. Extorsivos.
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