Nem um mês antes da realização da 35 Oficina de Música de Curitiba, Greca, o novo prefeito, solicitou que Fruet, o prefeito que está de saída, determinasse o cancelamento do Festival. Fruet disse que não cancelará coisa alguma e o impasse está feito. Dizem que amanhã, segunda-feira, afinal saberemos se o festival será ou não realizado.
Mas será razoável pedir ao
prefeito que sai para anular um evento de tal importância? Será razoável
cancelar um evento que dá prestígio internacional à Curitiba e que já se realiza
há trinta e cinco anos? Como ficam os professores contratados, os músicos com
viagem marcada, as centenas de estudantes que, como ocorre a cada Festival,
invadem a cidade para brindar a todos com música da melhor qualidade? Note-se
que os números são avantajados: 1.143 alunos se matricularam para os 90 cursos oferecidos.
São cem os professores que virão de onze países.
É um disparate querer
brecar em cima da hora tal movimento de tantos interessados.
Greca alega – e a desculpa
é velha – que usará os recursos do festival em saúde pública. Primeiro, não se
sabe se isso será verdade, sobretudo com gente que pretende dar calote na
véspera de um evento. Segundo, se há alguma coisa que dará alento à saúde
mental e espiritual dos curitibanos é boa música.
Talvez se trate de uma
dessas ações dignas de um tipo de administrador que senta o
traseiro numa banqueta e, rabiscando na prancheta, brinca de ser Deus. Cortem-se
os espetáculos, cancelem-se os cursos, os estudantes que toquem em outra
freguesia, os professores já contratados que se queixem ao bispo.
Ocorre que brincadeiras de
Deus costumam custar caro. Como o evento inicia seis dias após o prefeito eleito assumir, e
como Fruet já declarou que não vai cancelar coisa nenhuma, se Greca insistir no
cancelamento teremos o caos. Choverão, além de gritarias justificadas na
imprensa e nos meios culturais, processos por parte de quem se sentir prejudicado.
Enfim, começa mal esse
prefeito que os curitibanos, sabe-se lá por qual esquisitice, resolveram
reconduzir à prefeitura. De resto o prefeito que sai não se vai com melhor figura, inclusive no episódio do festival.
Em todos os casos, há três
dias a Secretaria Municipal de Finanças, garantiu o repasse da verba necessária. Outros dizem que amanhã o nó desata ou ata. Teremos então um braço de ferro entre o prefeito que sai e o que entra. A não
ser – e seria igualmente indesculpável – que Greca, como é de seu feitio,
esteja armando uma jogada. Talvez retroceda em sua proposta destemperada.
Para quem já pariu um barco que jamais navegou, talvez não seja tarefa difícil.
Para quem já pariu um barco que jamais navegou, talvez não seja tarefa difícil.
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