
O que há de bizarro
nesse governo Bolsonaro não são apenas as medidas estapafúrdias relacionadas à
questão do meio ambiente ou ao show circense diário do presidente – com direito
a palavrões e expressões grosseiras, recheadas de falta de educação – ao sair
para o “trabalho”, diante de uma claque amestrada de seguidores que soltam
urros e guinchos de aprovação a cada patada desferida pelo capitão.
Há, nesse triste
espetáculo que somos obrigados a assistir todos os dias, algo de mais grave e
doentio.
Peço aos meus leitores
para prestarem atenção ao penteado do capitão.
Para quem – supostamente
– acabou de levantar-se e tomar um banho, o penteado do capitão encontra-se em perfeito
e estudado desalinho. Mechas se derramam pela testa, caindo para o lado
esquerdo e, a cada desaforo que dispara na direção de inimigos reais ou
imaginários, seu topete joga-se de um lado para outro, dando uma ênfase furiosa
a seus impropérios.
Notem os leitores que
isso lembra muitas imagens feitas de Hitler. A expressão do rosto é sempre tensa e
agressiva, os olhos jamais abandonam a tensão que dispara milhares de farpas.
As mãos, no entanto, apresentam certo desacordo e, rígidas, oscilam de um lado
para outro exprimindo uma fúria que mal se contém.
No caso do capitão, embora
falte o bigodinho, lá está o topete esparramado sobre a testa, além dos olhos
dardejantes.
É preciso perceber que
aquele topete não está ali por acaso. Ele foi cuidadosamente desalinhado por
algum auxiliar de imagem do capitão. Quem sai para o trabalho pela manhã em tal
desalinho?
Ora, entre o modelo
nazista de Hitler e a caricatura do capitão, há muita semelhança. Aquela semelhança
buscada, estudada, arquitetada. O objetivo é óbvio: é preciso disseminar sinais
e signos que despertem, nos seguidores fanatizados e na população em geral, a
memória de um líder messiânico que anunciava mil anos de glórias que duraram
alguns anos e terminaram na maior carnificina que o mundo já presenciou.
Mas, diante da ignorância
política que está estampada nos uivos e gritos de seus seguidores, vemos que a
intenção é incentivar a adoração ao novo messias e a suas “ideias”.
Vejamos agora outra
imagem, que talvez pareça a alguns o contrário do que observamos acima, mas que
na verdade é apenas a sua confirmação.
Temos diante das câmeras
o individuo Roberto Alvim, secretário especial de Cultura do Brasil. Notem que está
bem penteadinho, bem durinho no seu terno recém comprado. Os cabelos são
poucos, é verdade, mas armam-se numa ondulação que lembra aquela que produzia topetes à base de laquê na década de 1970. Eis um homenzinho bem posto,
arrumadinho, escanhoado com cuidado, olhos de quem está inebriado pelo próprio sucesso.
A impressão que resulta
dessa figura limpinha e asseada é que se trata de um sujeito cordato, não é?
Mas não é. Esse tipo teve o desplante de ofender com requintes de estupidez e
insanidade a uma das maiores atrizes do Brasil, Fernanda Montenegro. No
entanto, esse tipo aí está para dirigir os destinos da cultura brasileira.
Pois a selvageria de Alvim
não foi apenas essa. Agora, num pronunciamento em vídeo, ele apropriou-se de uma
das falas mais emblemáticas de Goebbles, o poderoso ministro de Hitler. Pois
Alvim pinçou palavras do nazista para anunciar o que é seu projeto para a
cultura brasileira. Disse ele: “A arte brasileira da próxima década será heroica
e será nacional.” Palavras de Goebbles.
Diante da reação da
parte inteligente do pais, inclusive de entidades que representam a cultura judaica
entre nós, o arrumadinho Alvim tentou amenizar, alegando que a citação do
nazista teria sido apenas coincidência.
Não foi, mesmo que o inculto
Alvim pense assim. A expressão é nazista e ali está para anunciar, como o
topete despenteado do capitão, que há um projeto nazista por detrás de
destemperos e contradições do atual governo.
É esse desencontro que
mostra ignorância histórica e falta de cultura do capitão e seus asseclas. Vale
lembrar que o capitão, em passagem pela Alemanha, deu uma declaração que deixou
o mundo (aquele alfabetizado, é claro) estarrecido. Segundo ele, Hitler seria
socialista, portanto de esquerda, pois seu partido era Social Democrata.
Eis aí uma lavada e
óbvia demonstração de burrice histórica.
Já o arrumadinho Alvim
peca pelo mesmo mal. Alega não saber a extensão de seus atos. E cita um texto conhecidíssimo
de Goebbles com a inocência de um colegial que fez xixi fora do combinado.
Então, cabe concluir que
a situação atual do Brasil é muito mais grave do que aparenta ser. Hoje podemos
dizer que o Brasil está voltando as costas a si mesmo, abandonando conquistas
que custaram sangue, suor e lágrimas, em troca de uma concepção de política que
é, além de fascista, grosseiramente ignorante.
É preciso então pensar
que aquela claque que urra histérica aos ditos do capitão tende a se inflar e, se
não forem alvo de uma crítica contundente, mergulhar o país numa nova era de
trevas severas.
No momento, espera-se
de Robert Alvim seja demitido. Mas isso não resolve a questão. Ele foi
desastrado e talvez seja varrido pelo capitão. Mas as atitudes e ideias fascistas
estão prosperando.
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