domingo, 8 de maio de 2011

Falsas e inúteis polêmicas brasileiras

 
Defendo a tese de que somos governados por delinquentes. Já a repeti em vários textos, a propósito de maracutaias, mensalões, desvios da previdência, situação da saúde pública, das escolas, das estradas, da situação sanitária do país. Nenhum contraexemplo, como dizem os empiristas, fez balançar minha tese.
Acrescento agora outro princípio explicativo da baderna nacional: o Brasil é o país do eterno retorno das polêmicas inúteis.
No momento, somos novamente bombardeados por uma campanha inútil e demagógica: o desarmamento da população, apresentado como panaceia para a questão da violência. Todos sabemos que não é. Além disso, já houve um plebiscito a respeito. No entanto, retorna a polêmica inútil. Aproveitadores e populistas se reúnem, juntam-se a ministros, jornalistas, figurinhas carimbadas de Ongs – e chovem declarações patéticas, que esquecem de alertar para o seguinte: o tal desarmamento já levado a efeito não deu nenhumresultado. As pesquisas comprovam.
Eu não tenho arma – exceto as palavras com que escrevo meus textos – e nem quero ter arma. Mas não posso aceitar a mistificação de que as armas que chegam aos assaltantes e assassinos saem das mãos da população. Todos sabemos que as armas das quadrilhas e dos bandidos chegam via contrabando, em troca de drogas ou automóveis roubados etc. E são armas jamais usadas pela população: fuzis, metralhadoras, pistolas automáticas etc.
Esta polêmica inútil, que conta com a subserviência de jornalistas – em particular dos que atuam na TV ou nas rádios – retorna, no entanto, como se devesse ser levada a sério. É o Brasil.
Outra polêmica inútil: proibir palavras estrangeiras que se misturam ao português falado no Brasil. Ora, todos sabemos que estas palavras vão e vêm, viram modismos, a maior parte desaparece com o tempo, muitas vezes enriquecem nosso vocabulário e, quando inadequadas, somem. De resto, o português que falamos é uma mistura secular de português e de palavras e expressões e formas de dizer vindas de idiomas indígenas, africanos, e das línguas faladas pelos imigrantes que formaram o país: italiano, espanhol, francês, alemão, inglês – sendo que tudo isso se incorporou aos nossos dicionários. Será o caso de passar uma borracha em meio dicionário? O Aurélio e o Houaiss ficarão magrinhos.
Terceira polêmica inútil: dividir os estados brasileiros em estados menores. Os oportunistas anunciam que isso facilitará a governabilidade. Mais uma prova de que somos governados por delinquentes. Os custos de tais divisões – cujos únicos beneficiários seriam políticos venais – são altíssimos. Sustentaremos mais mais governadores e vices, mais deputados estaduais e federais, senadores, burocratas, apaniguados, cargos de confiança – tudo isso que já infelicita a administração pública brasileira.
Qualquer dia vai aparecer um deputado por aí querendo rediscutir a momentosa questão das rinhas de galo. Geraria empregos, dirá ele. Seria um lazer popular. Respeitaria nossas tradições culturais, talvez. Sabe Deus o que pode sair da cabeça de políticos delinquentes.

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