terça-feira, 17 de maio de 2011

Palocci - o que diria o jardineiro a respeito dos 7 milhões?


Lula, o precursor, inaugurou a fila dos que não sabiam de nada. Instituiu assim um novo procedimento jurídico, superando tudo que o direito romano e outros teriam a nos oferecer. Uma vez acusado, diga apenas: não sabia de nada. Não tenho nada com isso. É absolvição na certa.
Agora, o ministro Palocci, que em quatro anos aumentou seu patrimônio vinte vezes, ingressou na mesma escola jurídica luliana, com algum refinamento: já deu todas as explicações, nada mais tem a dizer. Foi o que, com mandíbulas tensas, disseram o presidente do PT e o ministro Gilberto Carvalho. Aliás, o sr. Gilberto, quando aluno de filosofia em Curitiba era um rapaz – então conhecido como Gilbertinho – tímido, pequenino (continua pequenino), piedoso católico de esquerda, contestador da ditadura e de mentirosos de direita. Pois ele fechou a questão de forma juridicamente (em termos de lulismo) impecável, ainda que pouco dialética: a questão está encerrada.
Ora, fico pensando o seguinte. Como pode o sr. Palocci juntar em quatro anos mais de 7 milhões de reais? Dando consultoria? Mas ele era deputado durante o período. Trata-se de um rapaz muito trabalhador? Pode ser. Mas onde e como funcionava sua empresa de consultoria? Quem eram seus funcionários? Deu consultoria a quem? Eram consultorias a respeito do que? Vejam os leitores que não é impróprio fazer essas perguntas. Sendo deputado, o sr. Palocci não pode ferir as obrigações de seu mandato. Não haverá aí um conflito ético?
É verdade. A ética. Quem se importa com a ética, não é mesmo? Só quando se é um jovem aluno de filosofia nos anos 1970. Depois, vale o espírito de corpo, a omertà, “os cumpanheiro”, os aloprados, as malas com 1,2 milhões de reais. Ou seja, vale tudo.
Em países sérios, já vimos primeiros-ministros, ministros de estado, presidentes, sem falar de deputados e senadores, perderem o mandato por escândalos menos apimentados.

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