quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Depois dos tons de cinza, notas em amarelo





Aviso aos navegantes da Internet e de outros mares que a fábrica de best-sellers cretinos continua a todo vapor. Saiu recentemente na França, de um autor inglês (ou autores? best-sellers são escritos em equipe), um livro chamado “80 notas de amarelo”, que desconfio será em breve traduzido para a língua tupiniquim por um desses editores sedentos de grana e mediocridade. Livreco feito a toque de caixa, para aproveitar a onda cinza.
Dou, aos leitores do blog, a tradução da sinopse do romance.
Diz o release que nele encontramos uma história "na qual o desejo feminino se conjuga em outras nuances que não o Cinza. (Que criatividade!) Prisioneira de uma relação de meio tom (meia bomba, seria mais adequado), Summer, violinista apaixonada, encontra refúgio na música. Passa suas tardes (Buñuel fez melhor!) interpretando Vivaldi no metrô londrino. Quando seu instrumento é destruído, ela recebe a mensagem de um admirador secreto, Dominik, um professor universitário sedutor, que se propõe a lhe oferecer um violino em troca de um concerto... muito privado..."
Quanta imaginação! Já li essa história. Há muitos anos. Várias vezes. Passou na televisão, no cinema da esquina, nas histórias em quadrinho de sacanagem. Em capítulos. Ela se chama Summer!! (Que brilhante achado!!) E aposto meus trocados que quem quebrou o violino foi o cretino do professor universitário, Dominik. No “conserto muito privado” rolarão as mesmas obviedades do sado-masoquismo soft que encantará frequentadoras de shoppings.
Venderá horrores. O número de pessoas que vivem relações meia-bomba é imenso, sabem os editores.
Quando falei dia desses nos tons de cinza, recomendei que lessem Adelaide Carraro, Hilda Hilst e, acima de todos, o Marques de Sade. Mas acho que a turma continuará se fartando com alfafa e farelo da pior qualidade.




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