O Barão se chamava Apparício Torelly, mas foi como Apporelly
que assinou seus escritos antes de virar Barão de Itararé. Já Sérgio Porto só depois
de muito escrever é que criou o Stanislaw Ponte Preta. Humoristas têm dessas
coisas. Nos dois, aliás, encontramos não apenas humor refinado, mas, o que é
quase o mesmo, um senso crítico agudo das mazelas nacionais de fazer inveja. O
Barão foi, além de humorista, um inovador da linguagem jornalística e Stanislaw, além de
fazer humor e compor o sensacional Samba
do crioulo doido, foi um excelente contista, como se pode ler no livro “As cariocas”.
Enfim, sendo fã de ambos, organizei, para divertimento dos
leitores, alguns pensamentos do Barão de Itararé e de Stanislaw Ponte Preta em
verbetes.
Barão de Itararé
BANCOS. O banco é uma instituição que
empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não
precisa de dinheiro.
BARULHO. O tambor faz muito barulho,
mas é vazio por dentro.
COMPANHIAS. Dizes-me com quem andas e
eu te direi se vou contigo.
DATILÓGRAFA. Precisa-se de uma boa
datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
EMPRÉSTIMOS. Quem empresta, adeus.
ESPERANÇAS. De onde menos se espera,
daí é que não sai nada.
FÍGADO. O fígado faz muito mal à
bebida.
FILHO ÚNICO. Em todas as famílias há
sempre um imbecil. É horrível, portanto, a situação do filho único.
FORCA. A forca é o mais desagradável
dos instrumentos de corda.
MUNDO. Este mundo é redondo, mas
está ficando muito chato.
NEGOCIATA. Negociata é um bom
negócio para o qual não fomos convidados.
RELATIVIDADE. Tudo é relativo: o
tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
SABEDORIA. Sábio é o homem que chega
a ter consciência da sua ignorância.
SONHO. Nunca desista do seu sonho.
Se acabou numa padaria, procure em outra!
TV. A televisão é a maior maravilha
da ciência a serviço da imbecilidade humana.
VIDA. O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.
VOTO. O voto deve ser rigorosamente
secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu
candidato.
Stanislaw Ponte
Preta
CAE. Caetano Veloso confunde velocidade com trepidação.
COMPANHIAS. Antes só do que muito acompanhado.
DIAGNÓSTICO. Quando aquele cavalheiro nervoso entrou no
hospital dizendo "eu sou coronel, eu sou coronel", o médico tirou o
estetoscópio do ouvido e quis saber: "Fora esse, qual o outro mal do qual
o senhor se queixa?"
EDUCADORAS. Mulher expondo teoria sobre educação infantil é
solteira na certa.
EMPRÉSTIMO. Mulher e livro, emprestou, volta estragado.
ESPERANTO. Esperanto é a língua universal que não se fala em
lugar nenhum.
ESPERTEZA. O sol nasce para todos, a sombra pra quem é mais
esperto.
FATOS BRASILEIROS. No Brasil as coisas acontecem, mas depois,
com um simples desmentido, deixaram de acontecer.
FREUD. O primeiro nome de Freud era Segismundo. Aliás,
não só seu primeiro nome como também seu primeiro complexo.
IMBECILIDADE. Ser imbecil é mais fácil.
JUSTIÇA. O mais perigoso é que já estão confundindo justa
causa com calça justa.
LATINÓRIO. Pode-se dizer a maior besteira, mas se for dita em
latim muitos concordarão.
LÓGICA. Quem diz que futebol não tem lógica ou não entende de
futebol ou não sabe o que é lógica.
MACROBIÓTICA. Macrobiótica é um regime alimentar para quem
tem 77 anos e quer chegar aos 78.
RECEITA. Quem não tem quiabo não oferece caruru.
TÉDIO. O imbecil não tem tédio.
TERCEIRO SEXO. O terceiro sexo já está quase em segundo.
TV. A televisão é uma máquina de fazer doidos.
UTILIDADE. Mais inútil do que um vice-presidente.
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