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O violeiro. José Antônio Silva (1909-1996). Óleo sobre tela. |
Eis um livro que eu
pensava faltar na bibliografia da música caipira. Eu estava errado. Embora o
autor, Romildo Sant’Anna, seja meu conhecido – à distância, é verdade, nos
vimos em São José do Rio Preto no século passado, início da década de 1980; foi
uma vez só mas foi o suficiente – eu desconhecia que ele havia cometido esse Ensaio do Cantar Caipira, subtítulo do
livro A moda é viola.
Conhecia Romildo –
professor, jornalista – como um estudioso da cultura popular, em especial como o
pesquisador dedicado do pintor “naïf” José Antônio Silva, que o próprio Romildo apresenta assim em
página da internet:
“Criado na roça e filho de humildes meeiros,
José Antônio chegou a Rio Preto bem jovem, a capinar em sítios e fazendas da
região. Sua disposição para a arte o chamou para a cidade, em finais de
1930. Sem eira nem beira, foi alojado com a mulher e seis filhos descalços, nos
fundos do Centro Espírita Allan Kardec de São José do Rio Preto. Realizava o
serviço que aparecia, de carroceiro e pedreiro a guarda-noites de hotéis. Já famoso em São Paulo na década de 1950, e por indicação do governador
Adhemar de Barros, lhe foi dado emprego na Prefeitura Municipal. Era o
faxineiro da Biblioteca. Muito antes já havia criado uma pequena Galeria
de Arte em sua residência. Nem sabia o matuto da roça que estava criando o
primeiro Museu de Arte na cidade que o acolhera.”
Hoje a
obra de José Antônio Silva se encontra abrigada no Museu de Arte Primitivista
"José Antônio Silva", em São José do Rio Preto, fundado e dirigido
por Romildo.
Mas o caso aqui é a moda e a viola. Esse devorteio foi só para apresentar o autor.
Já o livro é uma alentada obra saída em primeira edição no
ano de 2000 e que chegou em 2015 a esta terceira edição ampliada. São robustas 552
páginas nas quais o autor minuciosamente – mas com uma linguagem solta e
agradável, cheia de vida, tal como os ponteios de viola – estuda e expõe a
cultura caipira e sua música. É claro, destrói preconceitos e ideias feitas. Situa
essa expressão cultural no seu meio, no seu seio – e lhe dá o
devido valor. É impossível não sentir desde as primeiras páginas a paixão com
que o autor se debruça sobre esse tema, que não é para ele coisa de academia,
mas fonte de vida, tal como a pintura de José Antônio Silva.
Eis aí, violeiros desse Brasil afora, quem quiser falar sobre
cultura caipira sabendo do que está falando tem obrigação de ler essa obra
fundamental.
Recebi o meu!!!
ResponderExcluirRecebi o meu!!!
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