sexta-feira, 15 de julho de 2011

Viva a França, mas sem o Tour de France


Meu bom amigo André Abramczuk me mandou um alerta a respeito do 14 de julho francês, que merece o título de festa mundial, pois nela começou a frutificar a bandeira da liberdade, igualdade e fraternidade, pela qual vale lutar até hoje.
Liguei então a televisão no canal francês, a TV5, e estava passando o Tour de France, a corrida de bicicleta que os franceses adoram.
Ainda que eu seja adepto daquilo que na França se chama de velô, acho essas corridas chatíssimas. Dei um tempo fazendo uma volta nos outros canais, assisti a um pedaço do Chaves – o verdadeiro, o mexicano –, a um trecho de um jornal e voltei à TV5. Bicicletas subindo morro. Bicicletas descendo morro. Bilhões de pedaladas mais tarde, voltei para ver um monte de franceses emparedando os ciclistas na pista. Batiam palmas, gritavam, atrapalhando o trânsito. Repeti meu passeio pelos outros canais várias vezes e voltei outras tantas na esperança de ver passeatas de franceses agitando bandeirinhas bleu-blanc-rouge. Nada disso. A corrida continuava. Morro acima, morro abaixo, volta pra direita, volta pra esquerda, gente aos berros ao lado dos ciclistas. Fui assaltado pela angústia fóbica que senti ao assistir o belo filme As bicicletas de Belleville.
Desisti. Apesar de tudo que fez pela modernidade do mundo ocidental, de Flaubert a Camus, de Voltaire a Sartre, de Lévi-Strauss a Erik Satie, de Renoir a Cézanne – e quantos mais, quantos?! - cheguei à conclusão de que há algo de errado com os franceses. Adotaram a Carla Bruni, vá lá, mas amam o Tour de France, vá entender.
Fiquei assistindo o Chaves, o Quico, o Madruga e o professor Girafales.

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