Terça-feira passada,
dia 7, o Senado aprovou a chamada Lei das Cotas. Trata-se não apenas de cotas
raciais, mas de reservar 50% das vagas em universidades federais para alunos que
cursaram o ensino médio em escolas públicas. Uma parte dessas
vagas deverá ser dedicada a negros, pardos e índios, segundo distribuição a ser
fixada pelo IBGE. Outra, a alunos com renda familiar igual ou menor a 1,5
salário mínimo per capita.
Decretam tal medida
alegando que dão oportunidade aos menos favorecidos para que alcancem a
universidade.
As cotas raciais já
dão margem a muitas discussões. Essas cotas agora aprovadas produzirão mais
confusão, imagino, e servem à demagogia. Colocadas de pé por uma simples
canetada legislativa.
Pois a questão é
outra, trate-se de cotas raciais ou não.
O grande problema é
o seguinte: alguém tem notícia de alguma medida, de algum estudo, de algum
plano governamental, de algum projeto do ministério da Educação, que esteja
sendo pensado e colocado em prática para a efetiva melhoria do ensino médio público?
Alguém tem notícia de como se pensa recuperar as condições de trabalho, a
formação e os salários dos professores? O que será feito para que as escolas
saiam do estado de abandono em que estão? Que grupo está discutindo, com a
sociedade e os educadores, quais as medidas e métodos pedagógicos que serão
aplicados para a melhoria do ensino médio?
Não. Nada se faz
quanto a isso. Como é fácil e de forte impacto dar uma canetada, o Senado
aprova essa nova lei aparentemente benéfica aos desfavorecidos.
É a mesma farsa que
rege o bolsa-família. Não há dúvida de que milhares de famílias precisam de
ajuda para sobreviver aos seus parcos recursos nos tempos que correm. Mas eu
pergunto: o que se faz para que eles tenham melhor formação profissional, oportunidades
de trabalho adequadas às diversas regiões do país, e melhor distribuição de renda,
o que eliminaria a necessidade de viveram à custa de bolsas e sob o jugo de dirigentes
que desejam em troca popularidade imediata e votos nas próximas eleições? Estão
apenas ampliando o curral eleitoral.
São as medidas toscas
e mal intencionadas do governo brasileiro e de seus parlamentares. Deixa
felizes os incautos e os mal intencionados. Faz tanto sentido quanto o arroto
de política econômica que Lula e Dilma propalam: consumam. Até quando? Até onde?
Consumindo o que? O nível de inadimplência, a questão da energia e da produção,
da infraestrutura nacional, já estão anunciando que poderemos chegar a um limite
incontornável.
Mas rende votos e
índices de popularidade. Então, haja fuzarca. E um índice inegável da fuzarca é
que o sujeito tido como Ministro da Educação, Aloizio Mercadante – que não consegue negociar decentemente com
os professores universitários – optou por não comentar nada sobre a lei das
cotas agora aprovada. O tipo, responsável pela educação nacional, não
tem nada a dizer.
Claro, os
reitores ficaram descontentes e a Dilma ficou satisfeita.
É o
Brasil.
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