Mal conseguimos espanar um pouco
da poeira e da sujeirada que nos cobriu ao longo de todo o episódio do mensalão
– ao final do qual imaginávamos que a era da falta de vergonha na cara iria aos
poucos desaparecer – estamos sob a ameaça de outra afronta à consciência
política em nosso pobre brasilzinho. Vem aí a candidatura de Renan
Calheiros à presidência do Senado, apoiada pelos “partidos da base”, ou seja,
apoiado também pelo “partido do alto”, do qual faz parte a presidente do país e
um certo ex-presidente que se faz de morto. Pode estar morto, mas é
muito vivo.
Trata-se, portanto, de mais uma
bofetada em nossa cara, uma afronta ao Poder Judiciário – afinal o senador em
questão está rodeado de processos. Além disso, é uma figura desagradável e
menor, dessas que envergonhariam qualquer país decente.
Imaginem, portanto, o vexame a que seremos submetidos quando a
presidente for à Europa fazer compras e o Vice pegar uma gripe – seremos obrigados a ver na
presidência o tal senador.
É verdade que ele irá substituir o
notório José Sarney, o que, convenhamos, é trocar seis por meia dúzia.
Os franceses, que já foram
idolatrados em terras brasileiras, costumam repetir um refrão no qual acreditam piamente:
“O ridículo mata”.
Infelizmente, ao contrário da
crença francesa, o ridículo não mata. Se matasse, teríamos uma mortandade em
massa nas altas esferas do poder, mortandade diante da qual a maioria dos
brasileiros se colocaria de pé para aplaudir.
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