sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Sábia lição de João Saldanha útil nessas eleições




João Saldanha nos traços notáveis de Ique


Isso se deu em algum ano da década de 1970.
Eu escutava um jogo do Atlético Paranaense na rádio e, como é usual, sofria com o desempenho pífio do time.
Nesse dia estava em Curitiba o brilhante jornalista João Saldanha, criatura sábia e divertida, dono de um humor capaz de virar tudo pelo avesso. João, como ativista político, membro do partido comunista, morou em Curitiba e outras cidades do Paraná, tendo participado do movimento de luta pela terra em Porecatu. Era visadíssimo pela ditadura. Havia sido o responsável pela montagem do time que ganhara a Copa de 70, garantindo a classificação, quando inventou “as feras do Saldanha”. Foi defenestrado pelo ditador do momento, General Garrastazu Médici, conhecido por não entender de nada, inclusive de futebol.
Assim, tendo morado a duas quadras da Baixada e sendo um tipo esperto, João Saldanha era torcedor do Atlético. Foi ao jogo e funcionou como comentarista de uma rádio.
Com o Atlético jogando mal, no intervalo o narrador perguntou ao João o que o treinador deveria fazer para voltar melhor no segundo tempo. João, conhecido como João sem Medo, bateu de primeira:
- Deve tirar o meia esquerda.
E calou a boca. O narrador insistiu:
- Mas colocar quem no lugar dele, Saldanha?
E João sem Medo:
- Ninguém. Basta tirar o meia esquerda.
Há situações na história do futebol, dos países e da vida de cada um de nós em que é preciso tirar de cena aquilo que atrapalha, que fede, que contamina com sua incompetência, que corrompe onde mete as patas sujas. Jogar fora a fralda usada, como na imagem de Eça de Queiroz que já citei aqui: “Políticos e fraldas devem ser trocadas periodicamente e pelos mesmos motivos”.
O resto se vê depois. Sábio João.




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