sábado, 11 de junho de 2011

Sai Palocci aqui, entra Salvati ali


[1]
A republiqueta brasileira anda agitada. Depois de gritos e sussurros, o reincidente Palocci acabou defenestrado – uma língua presa a menos no governo, mas não podemos saber se ele será no futuro incomodado por seu “enriquecimento ilícito”. Seguindo costumes brasileiros, ao sair o acusado do governo, se esquece tudo, engavetam-se os processos, cessam as investigações. O que sabemos com certeza é que agora o ex-ministro poderá gozar sua riqueza multiplicada por vinte sem ser incomodado.
Falar nisso, o episódio me lembrou o que já ocorreu com milhões de contribuintes brasileiros. Quando esquecem uma pequena renda anual recebem de imediato uma carta da Receita cobrando providências e ameaçando medidas punitivas. E a partir daquele momento estão incluídos na malha fina.
Fiquei me perguntando: como é que esses corretíssimos e competentes cobradores de impostos não exigiram há mais tempo uma explicação do Palocci para o tal enriquecimento ilícito?

[2]
Ontem, assisti na Globo News uma entrevista da nova ministra das Relações Institucionais. Perdi tempo. Três jornalistas fizeram perguntas que giraram em torno do momentoso e importantíssimo problema do “temperamento” de Ideli Salvati. Foi perguntada, sempre em tom de brincadeirinha, sobre sua brabeza, sua bravura, sua paixão na defesa do governo. Ela disse que age conforme a função exige – já foi braba, agora deverá ouvir, atender, conciliar. Os entrevistadores chegaram a comentar a composição étnica dos genes da ministra para explicar suas explosões.
Três jornalistas e ficamos sem saber como a ministra encara o episódio Palocci, quais políticas são prioritárias para o governo, o que é inegociável, o que se negocia, como se negocia, quem merece ser atendido. Falou-se de amenidades, dessas que são perguntadas a celebridades televisivas, a participantes do BBB, a atrizes e atores que estreiam uma novela.
E a ministra, de roupinha preta e arrumadinha, deu risinhos e fez caras e bocas por detrás da maquiagem pesada.
Meu querido amigo Antoine el Medawar, libanês e contestador, dizia odiar entrevistadores brasileiros, sempre apegados aos “sentimentos” e incapazes de discutir ideias.
Bom, ninguém discute o que não tem. Ou o que não quer.
É o Brasil.

Um comentário:

  1. Olá Roberto Gomes, descobri seu blog através de um email da Iria Zanoni Gomes, gostei muito.

    Já vou coloca-lo nos links do meu blog http://painel-mundus777.blogspot.com e partir deste você irá encontrar outros blogs de minha autoria.

    PAZ E LUZ!

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