quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O rato que ruge (Ou: a patriotada do ministro Patriota)






Quem não viu esse filme, O rato que ruge, deve buscá-lo com urgência nas locadoras. Trata-se de uma hilariante comédia britânica dirigida por Jack Arnold, lançada em 1959. No elenco, Peter Sellers dá mais um de seus shows de interpretação, no caso, atuando em três papéis, um deles feminino, o da Grande Duquesa Gloriana XII. Também atuam Jean Seberg – belíssima – além de William Hartnell, David Kossoff e McKern, entre outros. A sinopse poderia ser mais ou menos a seguinte: um minúsculo país declara guerra aos EUA na esperança de, sendo derrotado, receber posterior ajuda financeira, com o que sairia da grave crise financeira em que se encontra. O diabo é que eles ganham a guerra.
Lembrei-me desse filme ao assistir a encenação tosca ocorrida ontem, dia 13 de agosto, em terras tupiniquins, pelo ministro Antônio Patriota (no papel de Dilma Rousseff, imagino) no encontro com o secretário de Estado americano, John Kerry.
Como se sabe, os serviços de espionagem dos EUA foram pegos com a boca na botija a partir da divulgação de papéis secretos pelo norte-americano Edward Snowden.
Agora, John Kerry visita países na tentativa de apagar o incêndio. Encenação, é claro, um modo de afagar as tribos locais. Até aí, tudo é diplomacia.
Ocorre que Dilma, em crise de prestígio, e Patriota, em crise do que fazer, resolveram agigantar o evento e denunciar espionagem por parte dos EUA. Queriam pedidos de desculpas, esclarecimentos e, mais do que isso, uma jura norte-americana garantindo que espionagem nunca mais.
Santa simulação.  É claro que espionar indiscriminadamente uma população é coisa muito feia que país algum deveria fazer. Agora, espionagem entre nações, amigas ou não – embora devamos nos lembrar que países não têm amigos, mas interesses – sempre houve e sempre haverá, o que gerou o comentário lacônico de John Kerry:
- Peço ao povo brasileiro que se concentre nas realidades importantes entre os nossos países, que compartilham valores democráticos e o empenho em favor da diversidade. Essas relações podem ter um impacto global positivo se continuarmos trabalhando em parceria – e completou: os EUA precisam de uma política preventiva. Queremos evitar que isso (ataque terrorista) aconteça. Precisamos saber, de antemão, o que está ocorrendo. Por isso os EUA recolhem inteligência estrangeira.
Ou seja, o Patriota (no papel de Dilma Rousseff, insisto) levou um pito. Mais ou menos assim: menino, preste atenção com o que está lidando.
A delirante paranoia americana, sabemos, enfrenta a não menos delirante paranoia dos terroristas radicais muçulmanos, mas é preciso que governantes brasileiros saibam que negócios e conversas entre países não podem ser conduzidas como se se tratasse de mera oportunidade marqueteira para fazer pose e rugir como o rato do filme acima citado.
É o que acontece quando nossos governantes se imaginam no papel do pranteado Chaves da Venezuela. Deveriam lembrar que Chaves era um tipo engraçado e um comediante amador, nunca um profissional, como Peter Sellers. 






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