Acho comovente a
sucessão de trapalhadas, improvisos, jogadas para a torcida, golpes
marqueteiros dessa senhora Dilma e seus associados. Por essa razão deixei o
assunto de lado por umas semanas. Para me recuperar.
Mas devo voltar ao
assunto. É que eles não mudam.
Como todos lembram, o
governo navegava em mares tranquilos até recentemente, com índices favoráveis,
notas de júbilo na mídia dando destaque a qualquer viagem, anúncio de verba,
inaugurações de obras inacabadas ou outros feitos imaginários da presidente e
seus assessores.
Foi quando junho
chegou.
As multidões na rua
desfizeram, como se fosse um castelo de vento, o ufanismo politiqueiro. Por uns
dias, assistimos ao sumiço de todos os governantes de todos os escalões. Baixou
um silêncio ensurdecedor nos palácios e nos planaltos. Sumiu a presidente em
exercício, junto com o ex-presidente, os governadores e parlamentares. Note-se:
os que sumiram eram de todos os partidos, pois a multidão nas ruas não perdoou
ninguém.
Momento grave em que o
Brasil precisaria de um estadista. Infelizmente, quem nasceu para Odorico
Paraguaçu nunca chegará a Abraham Lincoln. Quando voltou a dar o ar de sua
graça, a presidente armou um circo – seus 39 ministros e governadores servindo
de cenário – e fez uma declaração marqueteira: estava ouvindo as vozes das
ruas.
Caso tenha ouvido, não
entendeu, me parece. Pretendeu encerrar a questão com três medidas: recursos do
pré-sal para a educação, plebiscito para uma reforma política e um programa de
importação de médicos.
Deu tudo errado.
O plebiscito não
resistiu mais do que três ou quatro dias. Foi massacrado como
anticonstitucional e populista.
A grana do pré-sal, que
desde Lula é apresentado como uma cornucópia capaz de jorrar dinheiro para
todos os orçamentos possíveis, também não prosperou, pois é mera especulação
futura.
A importação de médicos
revelou-se trapalhada monumental, sem norte, que recebeu justa oposição da
classe médica e da parte mais bem informada da população.
As causas são simples.
Em primeiro lugar, não
era nada disso que a voz das ruas pedia. Nenhum manifestante pediu plebiscito,
médicos estrangeiros ou apenas verbas para a educação.
Plebiscito nesse caso é
demagogia. Passa à população a ilusão fantasiosa de que decide os rumos do
país. Faltou apresentar uma reforma política que espelhasse o que as ruas pediam.
O sistema educacional carece
não apenas de recursos, mas de um projeto educacional capaz de dar rumo à
educação e à formação profissional no Brasil. Nada disso foi apresentado.
O sistema de saúde
precisa de médicos, sim, mas com formação adequada, que sejam diplomados no
país ou tenham revalidados seus diplomas aqui. Além disso, hospitais,
equipamentos, laboratórios, equipes de apoio administrativas e médicas etc.
Não se viu nada disso.
E por qual razão?
Porque os governantes – todos, de todos os partidos – gastam seu tempo em
futricas palacianas, em composições político-partidárias, em contas de chegar,
em troca de favores, tudo aquilo que nas ruas foi denunciado. Como nossos
governantes fartam-se nessa esbórnia politiqueira, não têm qualquer projeto
para a educação, nem para a saúde, nem para uma reforma política.
Por isso, dias depois
de anunciado o plebiscito, nunca mais se falou dele. Por isso não se sabe o que
será da educação e onde serão aplicados pretendidos recursos. Finalmente, de
reforma política não há uma só linha, exceto um projeto no Congresso que,
dizem, é a tal emenda pior do que o soneto.
Voltamos à estaca zero.
A nau dos insensatos segue seu rumo desastrado. O Brasil, como tenho escrito
aqui, continua governado por delinquentes.
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