O vencedor será o Batman? Ou será o Coringa? |
Estamos novamente em
suspense. Fará o STF, que conduzia razoavelmente bem a carruagem do mensalão,
um papel que envergonhará o país?
Não sabemos. Ou já
sabemos. Na quarta-feira já não teremos dúvidas.
Por enquanto ficou no
ar o cheiro de pizzaria. Ao invés de metade mozzarella e metade alho e
óleo, temos metade cinismo e metade desprezo pelas exigências sociais.
A discussão no STF foi
tortuosa, pois é arte desenvolvida pelos seus membros a arte de enrolar o próximo. Os defensores de um novo julgamento se apegaram a formalismos, a
interpretações malandras das leis existentes, além de adotarem, no fundo, a
piedosa atitude de quem deve, para não cometer injustiça, dar mais uma chance
ao acusado.
Jogo de cena.
Pois eis o que quer dizer,
em boa e simples língua portuguesa, o que é infringir, conforme registra o
Dicionário Aulete:
“Descumprir ou violar (lei, regra,
ensinamento etc.); TRANSGREDIR; DESRESPEITAR: Infringir uma norma, um
estatuto”.
O que menos se viu foi discussão
a respeito de qual lei, regra ou ensinamento que teria sido transgredida ou
violada quando do julgamento. Era de se esperar que os advogados milionários
dos acusados apontassem tais desatinos. Ou seja, o tribunal não discutiu o que
houve de errado no julgamento. Especula-se com uma possibilidade, já que os
acusados reclamam. Ora, era de se esperar que os acusados reclamassem. Mas
precisariam apontar falhas efetivas. Não o fizeram.
Apenas se discutiu se
os tais embargos infringentes são ou não permitidos no caso, se estão ou não em
vigor, se violam ou não o que está na constituição. Firulas. A ministra Cármem
Lúcia fez uma argumentação honesta e definitiva sobre a questão, mas não deverá
ser levada em conta.
O problema é outro. Trata-se
do câncer que vitima a justiça brasileira: a demora, a protelação indefinida, o
empurrar para o nunca mais, a chicana sempre presente nos julgamentos, o
confundir para dominar.
Em segundo lugar, um novo
julgamento – com a consequente amenização das penas – só levará ao desprestígio
do último poder da República que ainda guarda um resquício de respeitabilidade.
Os ministros – até agora cinco – favoráveis ao adiamento da questão não levam
em conta ou não dão bola para o desgaste ético, político, social, cultural que
significa a nação ter diante de si um poder judiciário incapaz de assumir uma
posição clara e fazer o que todos sabemos que deveria ter sido feito desde 2005,
quando essa bandalheira veio à tona.
Além disso, essa nova
composição do tribunal inclui membros indicados recentemente pela Dilma, o que
faz com que a coisa cheire muito mal. Não seria o caso de se declararem
impedidos? Jamais fariam isso.
Enfim, não sabemos o
que sairá da cabeça do juiz Celso de Melo, o decano. A sabedoria popular
costuma nos dizer que não devemos confiar cegamente em cabeça de juiz, de onde
podem sair as maiores barbaridades.
Portanto, nos resta a
desanimadora sensação de que estamos diante de uma farsa político-jurídica,
como sempre, e o Brasil continuará, como sempre, sem tomar na hora certa as
decisões necessárias e definitivas.
Eis porque esse
julgamento já está causando na população um tédio medonho.
(Pra não publicar, é claro! Só pra vc ficar sabendo que li, apesar de o assunto já me estar embrulhando o estômago.)
ResponderExcluirSua cabeça é essa: lúcida, abrangente, inteligente, sagaz. Além de sutilmente irônica.
Entende o que digo? Entende por que digo?