_______________________________________________
De:
Lelé
Para:
Carinha
Assunto:
leituras (04/01/2015; 05:47 hrs.
_______________________________________________
Aê,
guri!
Tu
não imagina o que tô fazendo. Tô lendo um livro!
Obrigado,
é claro! Não. Não é obrigado de agradecer, mas obrigado pelo professor...
hehehehe... Tá vendo como tô safo com o jogo de palavrinhas! Treinando no Word
pra escrever o trabalho. É duro escrever mais do que no WhatsApp
ou no Face. Me disse o profe que tenho que escrever duas páginas, já pensou? Tô
aqui faz meia hora e olha só: diz o word que escrevi apenas 497 caracteres com
espaço. Nem meia página!
Ô
coisa difícil!
Pois
nem te falo: livro é cheio de palavrinhas, de letrinhas, um monte delas. Tentei
contar, mas não consegui. É muita letrinha, na metade perdia a conta. Tá vendo
como micro é melhor e mais moderno: ele conta prá gente... hehehehehe.
Pois
o novo profe chegou na sala e mandou:
-
Vou introduzir vocês na Galáxia de Gutenberg!
Esse
Gutenberg (o nome eu aprendi a escrever no Google...) eu nunca havia ouvido
falar, Carinha, mas essa de Galáxia não entendi até agora. Ainda se fosse
Galaxy tudo bem, aê! Tenho um! Mas Galáxia é coisa das estrelas e em livro não
tem estrelas, cara.
E
descobri mais essa: livro é mudo. Que nem o cinema mudo que meu pai diz que
existiu. Não fala. A gente lê, lê, mas ele não fala. No começo vi que eu dava
uma olhada lá em baixo da página sem saber o que eu queria. Ora, queria ver
onde estava aquela flechinha de play ou aquele autofalante para aumentar o som.
Não tem. É mudo mesmo, o que mostra que micro é muito melhor, né não?
Cara,
não tem vídeo em livro, não tem imagem, só letrinhas. Fui reclamar com meu pai
e ele disse que a gente imagina. Imagina! Se a gente tem que imaginar pra que
livro? Imaginar a gente imagina por aí, de mão abanando, andando de skate, de
bike, flanando.
Negócio
é que historinha em livro não tem explosão, ninguém voa pelos ares, não tem
tiroteio com raio laser. Nem nave atirando nas galáxias, hehehe...
Ainda
não entendi porque o livro se chama D.
Casmurro, mas tem um tal de Bentinho se atormentando por conta de uma tal
de Capitu, guria sem graça, cheia de frescuras. Ela faz dele um palhaço. Cara
mais palha esse Bentinho, Carinha!
Fosse
um vídeo-game, essa Capitu explodia no primeiro capítulo e cabum! Cabô.
Mas
não cabô. Tem mais um monte de páginas pra ler. Monte de letrinhas.
E
o profe pediu minha opinião sobre o humor do autor. Essa é muito boa!! Humor
desse cara, onde, Carinha?
Não
tem um palavrão, uma só sacanagenzinha, um dedo em pé ou fazendo rosquinha,
nada. Ninguém avacalha ninguém. Como é que vai ter humor? Acho que esse Machado
nunca viu humor na TV! Nunca mesmo. Sem palavrão, imagina! Queria levar esse
Machado pra ver um standup.
Vou
mandar um trabalho curtinho, meia página. Essa Capitu tá precisando vc sabe do
que. O José Dias é um vigário dos piores, o único que se salva na história.
Queria mesmo é que livro explodisse, fosse pra outra dimensão, tivesse segredo
da pedra sagrada, que Capitu levasse dentada de vampiro, algo assim mais
interessante pra vida da gente, sacou? Emoção, sabe comé?
Cê
não acha que eu tô certo?
Abr.,
Lelé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário