Centro Cívico, Curitiba, 29/04/2015 (Foto Gazeta do Povo) |
No Brasil, qualquer
tiranete de anedota, quando apeado ao poder, se julga um soberano por direito
divino.
Beto Richa levou esse
delírio a seu limite. Não soube expor com honestidade e clareza aos paranaenses
qual a situação real das finanças estaduais. Isso comprometeria seu primeiro
governo, é claro. Não teve habilidade, e muito menos coragem, de se dirigir à sociedade
paranaense e em particular aos professores, explicando o que imaginava fazer e
por quais razões. Não negociou, nas medidas que resolveu tomar, com ninguém e de
fato ninguém sabe de fato quais as consequências da garfada que ele está dando na
Previdência dos Servidores do Estado. Recusou-se a ouvir e a levar em conta as
opiniões contrárias da parte interessada, os professores paranaenses.
Por isso recorre ao
porrete. Por direito divino se julga autorizado a descer o porrete nos
professores indóceis e, depois da pancadaria, dizer que seus policiais não se
mexeram nem atacaram, apenas reagiram. Foram os professores que provocaram
tudo. Claro, os professores e professoras são conhecidos por seus armamentos e
sua forma física avantajada.
Richa montou uma operação
de guerra, com centenas de policiais, com carros com jato de água, com helicóptero
sobrevoando o local da disputa – e seus soldados levaram para a praça cães
pitbull que acabaram mordendo a mão de um deputado e a coxa de um jornalista.
No total, os feridos passam de duzentos. Um massacre.
Essa insanidade de se
imaginar acima da sociedade para impor a ela o que imagina serem as melhores
medidas governamentais e essa arrogância e prepotência com que usa tanto das
forças policiais quanto da trupe amestrada de deputados para aprovar suas
medidas, explicam o estado deplorável a que chegou o governador, o avesso de um
estadista, o covarde agressor da população que deveria respeitar e proteger.
E, não sem simbolismo,
agride no caso aos professores. Esse governador já declarou, com sua notória
leviandade e boçalidade, que não seria bom policiais fazerem cursos
superiores, pois com mais educação eles não seriam tão obedientes.
Foi, sem refletir sobre o
que estava dizendo, transparente. O conhecimento o aborrece. Ele não crê em
educação, formal ou não. Ele é – e a batalha do Centro Cívico mostrou isso – um
robusto deseducado. Um grosseiro sem educação. E gostaria, no fundo, que todos os
seus governados fossem assim. Seriam manipulados com maior facilidade.
Sou calmo, mas por este ato, saio na rua, falto trabalho, expulso a mulher de casa, xingo meu filho, e tudo mais de mais errado, para participar contra um ato bestial. Quando uma presindent(a)e diz-se pátria educadora e um estado diz-se contra o educador. É coisa de universo kafkiano!
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