Aristóteles foi, no
século IV a.C., uma espécie de enciclopédia ambulante. Na verdade, inventou o
que hoje chamaríamos de Centro Superior de Pesquisa com bibliotecas e pesquisadores que
viajavam mundo afora e lhe enviavam informações, dados, pedras, plantas, manuscritos,
espécimes raros etc. Um dos encarregados de enviar informações para sua escola,
o Ateneu, era ninguém menos do que Alexandre, O Grande, de quem foi preceptor.
Alexandre viajava o mundo derrubando impérios e conquistando territórios e, de
sobra, colhia informações para seu amado professor.
Por conta disso corre a
lenda, entre historiadores de Filosofia, que Aristóteles foi o último dos
homens que conseguiu armazenar na própria cabeça todas as informações
produzidas pela humanidade até seu tempo. Duvido, mas é a lenda. Creio que já
no tempo de Aristóteles acumular num só cérebro, por mais privilegiado que
fosse, todo o saber produzido até então seria impossível. Mas valha a lenda.
Na verdade, lembro tudo
isso para falar rapidamente de uma de suas obras, a curiosa História dos animais. Nela, lá pelas
tantas, ele fala dos ratos, para vocês verem como esses bichos são antigos. E
diz coisas que os brasileiros, depois do tumulto na CPI da Petrobrás, precisam
levar em conta.
Vejamos.
Diz Aristóteles que “a
fecundidade dos ratos, é a mais extraordinária em todo o reino animal.” O que seria confirmado “pela história de
que uma fêmea, fechada num contentor de milho, tenha podido gerar em pouco tempo
uma ninhada superior a cento e vinte ratos”.
Não é de surpreender que eles existam não só em todo o território
nacional como, e de forma endêmica, na capital do país. Motivo pelo qual não
entendo a surpresa escandalizada dos parlamentares que só faltaram subir no
assento das poltronas.
Por qual razão Brasília escaparia da rataria, não é mesmo?
Mas continua Aristóteles: “A capacidade
roedora que têm é de tal modo rápida que alguns agricultores, que não possuem grandes
propriedades, depois de verificarem, num certo dia, que é tempo de ceifar,
quando no dia seguinte, logo de manhã, trazem os ceifeiros, vão encontrar toda
a seara devorada".
E conclui indicando que
certos ratos têm “um pelo rijo, como os
picos de um ouriço. São de um tipo que se reproduz em grande quantidade. Mas há
ainda muitas outras variedades de rato”.
Devo admitir que Aristóteles,
sapiente como era, escreveu a última frase com uma pitada de ironia. De fato,
há uma imensa variedade de ratos.
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