Millôr foi (é) um gênio. A mais viva das inteligências. O
estilo – ele que dizia ser um escritor sem estilo – mais límpido, direto, puro.
O humor mais demolidor e, ao mesmo tempo, mais refinado. Um ilustrador de rara
originalidade. O frasista mais que perfeito. Um homem que lutou sempre,
assumindo riscos diversos, pela autonomia e a liberdade num país de gregários
oportunistas.
O que dizer dessa morte, prematura mesmo aos 88 anos? Ele
merecia o dobro. Nós merecíamos que ele vivesse o dobro.
Perdemos e perde esse triste país no qual tantas antas
antológicas e múmias marqueteiras fazem carreira, ocupam lugares, ditam regras
idiotas, escrevem livros cretinos e deformam a consciência política, ética e
ideológica nacional.
Ler Millôr é um bálsamo, uma alegria. A descoberta de que a
retidão de caráter e o cultivo dos valores espirituais e intelectuais sempre
vale a pena.
Hoje todos nós morremos um pouco com essa morte.
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