quinta-feira, 29 de março de 2012

Millôr do princípio ao fim




Millôr foi (é) um gênio. A mais viva das inteligências. O estilo – ele que dizia ser um escritor sem estilo – mais límpido, direto, puro. O humor mais demolidor e, ao mesmo tempo, mais refinado. Um ilustrador de rara originalidade. O frasista mais que perfeito. Um homem que lutou sempre, assumindo riscos diversos, pela autonomia e a liberdade num país de gregários oportunistas.

O que dizer dessa morte, prematura mesmo aos 88 anos? Ele merecia o dobro. Nós merecíamos que ele vivesse o dobro.

Perdemos e perde esse triste país no qual tantas antas antológicas e múmias marqueteiras fazem carreira, ocupam lugares, ditam regras idiotas, escrevem livros cretinos e deformam a consciência política, ética e ideológica nacional.

Ler Millôr é um bálsamo, uma alegria. A descoberta de que a retidão de caráter e o cultivo dos valores espirituais e intelectuais sempre vale a pena.

Hoje todos nós morremos um pouco com essa morte.

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