terça-feira, 31 de março de 2015

Para fechar o mês, Shakespeare





Um poema de Shakespeare.
Na tradução exemplar de Carlos Vogt, poeta, linguista e professor da Unicamp.



SONETO 76

Por que ao meu verso falta novidade
Orgulho jovem, variação, mudança?
Por que não deixo acompanhar-me a idade
Dos novos métodos que a moda lança?
Por que escrevo apenas sempre o mesmo
E escondo o achado em hábitos banais,
Tanto que as palavras quase nunca a esmo
Mostram meu nome e a mim como seus pais?
Ó doce amor, é de você que escrevo,
Você e o amor, meu único argumento;
Vestir no velho o novo, este o meu desejo,
Usando tudo o que me lega o tempo...
        Como o sol cada dia é novo e tardo
       Assim meu amor só conta o que é contado.




Um comentário:

  1. Para quem quiser e tiver condições de saborear o soneto de Shakespeare no original, vai aqui um link muito interessante:
    http://www.shakespeare-online.com/sonnets/76.html

    ResponderExcluir